Na última década, uma mudança silenciosa está acontecendo na nossa internet, a qual está relacionada a duas siglas: IpV4 e IpV6.

Os termos IPv4 e IpV6 estão ligados a uma questão crucial para o funcionamento dos nossos computadores, que é a distribuição de IPs entre dispositivos de rede. Eles indicam as tecnologias utilizadas para executar esse trabalho e permitem que nossos aparelhos enviem e recebam dados com alta velocidade, segurança e, principalmente, livre de conflitos.

Quer saber mais sobre o tema e como isso te afetará? Então, siga a leitura do nosso post a seguir!

O que é um endereço de IP?

Os endereços de IP são as identidades dos nossos dispositivos de rede. Eles permitem que computadores, smartphones, tablets, modems e servidores enviem e troquem dados de um modo seguro e preciso.

O protocolo IP foi estruturado para garantir que, dentro de uma rede, não existam dois aparelhos com o mesmo IP. Isso permite a aparelhos de rede gerenciar o tráfego entre dois dispositivos sem qualquer tipo de conflito. Afinal, haverá a garantia de que os pacotes de dados serão sempre enviados para as pessoas certas.

O uso de endereços de IPs foi crucial para a popularização da internet e o seu crescimento. Sem um mecanismo eficiente para identificar computadores, o tráfego na rede seria mais confuso e com menor velocidade. Afinal de contas, os aparelhos de infraestrutura de internet gastariam muito mais tempo tentando direcionar o tráfego para o dispositivo correto.

O que é o IPv4?

A IPv4 é a quarta versão do protocolo de IPs utilizado por todos os dispositivos de rede que se conectaram à web nas últimas décadas. Ela tem 32 bits de extensão, ou seja, permitem a alocação simultânea de até 4 bilhões de endereços únicos (4.294.967.296 de IPs para ser mais preciso). Essa versão é a primeira distribuída a partir da ARPANET, em 1983.

Um IP no modelo IPv4 pode ser representado da seguinte forma:

  • 192.0.2.235.

O que é o IPv6?

IPv6 é a nova versão do protocolo de IPs que será utilizada pela internet. Ela é limitada em 128 bits de espaço, o que amplia o tamanho dos IPs e o número de combinações que podem ser utilizadas.

Cada IP no modelo IPv6 contém 8 grupos de dados, com 4 dígitos hexadecimais em cada um deles. Eles são separados em dois pontos, para facilitar a compreensão. Ou seja, os endereços de IP do IPv6 contêm letras (como A, B, C, D, E e F) e números. Assim, o endereço de IP no modelo IPv6 seria representado das seguintes formas:

  • 2001:0db8:85a3:0000:0000:8a2e:0370:7335 (completo, com todas sequências visíveis);
  • 2001:0db8:85a3:0:0:8a2e:0370:7335 (representando os grupos compostos apenas por 0 com um único algarismo);
  • 2001:db8:85a3::8a2e:370:7335 (substituindo os grupos de zeros por uma dupla de dois pontos, ou seja, omitindo os grupos de zeros iniciais).

Esse modelo de exibição dá ao IPv6 a capacidade de endereçar 75 trilhões de IPs quando comparamos com o IPv4. Isto é, a principal diferença entre IPv4 e IPv6 é a possibilidade de conectar um número muito maior de aparelhos à internet simultaneamente.

Por que está ocorrendo a mudança entre IpV4 e IpV6

Quando a internet começou o seu processo de popularização em escala mundial, a IANA foi criada em 1988. Chamanda de Internet Assigned Numbers Authority, essa organização tinha como objetivo guiar a distribuição de endereços de IPs para as RIRs (Regional Internet Registries).

As RIRs são entidades locais que recebem o direito a uso de um conjunto de IPs e os realoca entre provedores de internet. Existem cinco em todo o planeta, que são:

  • AfriNIC, que atua nos países do continente africano;
  • ARIN, que é responsável por parte da região do Caribe, os EUA e o Canadá;
  • APNIC que tem como foco os países da Austrália e Ásia, a Nova Zelândia e os países vizinhos;
  • LACNIC, que tem como responsabilidade os países da América Latina e parte da região do Caribe;
  • RIPE NCC, que é responsável pela Europa e todos os outros países que não são cobertos pelas outras RIRs.

Ao longo dos anos, as tabelas de IPs foram distribuídas conforme as necessidades locais. Porém, com o aumento rápido de aparelhos conectados à web (como smartphones, consoles para vídeo games e sensores inteligentes), a quantidade de IPs disponível para uso foi se esgotando. Ou seja, diante da popularização da web, o número de IPs únicos disponível para designação para os usuários de internet começou a cair rapidamente.

Diante desse cenário, a mudança entre IPv4 para IPv6 foi estruturada. Como essa nova versão da tabela tem suporte a mais IPs, os usuários conseguirão conectar-se sem que existam conflitos na distribuição de IPs. Dessa maneira, a internet mundial poderá continuar existindo como conhecemos mesmo que 340 undecilhões de aparelhos estejam conectados a ela.

Como será o processo de transição entre IPv4 e IPv6?

Para a maioria das pessoas, a mudança entre IPv4 e IPv6 será silenciosa. Por um longo período, os dispositivos se conectarão à web com os endereços de IP compatíveis com ambos os padrões. Isso permitirá que provedores de internet façam testes, ajustem a sua infraestrutura e sistemas para evitar conflitos ou problemas.

Conforme as regiões vão perdendo IPs do padrão IPv4 para distribuir, os aparelhos serão migrados para a nova tabela. Apenas usuários com equipamentos de rede muito antigos notarão a diferença, uma vez que modelos mais novos de roteadores e modems já fornecem suporte ao novo padrão.

A maior diferença estará no IP dos aparelhos conectados em rede, que, no modelo IPv6, não terão suporte à NAT. Como consequência, cada dispositivo que utiliza o seu Wi-Fi, por exemplo, será visto2 pela internet com um IP único (e não mais com o IP do seu roteador).

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2. Isso dependerá do roteador utilizado pelo assinante do serviço de internet. Porém, isso não implicará na perda da qualidade do acesso à internet.