Não é novidade que, cada vez mais, fazemos atividades na internet, seja conferir nosso e-mail, olhar e interagir nas redes sociais, assistir filmes e séries, jogar online ou até mesmo trabalhar. Para dar conta de tudo isso, é preciso contratar um plano de internet rápida, fornecida por um provedor que não faça traffic shaping.

Essa é uma prática feita por empresas no mundo todo com o objetivo de facilitar o cumprimento de contrato com todos os usuários, limitando o acesso a alguns sites e atividades. Porém, ela influencia diretamente na qualidade de sua navegação na rede e pode causar frustrações desnecessárias, impedindo que você realize tudo que gostaria. 

Pensando nisso, colocamos abaixo as principais informações sobre o que é traffic shaping, como essa prática afeta a internet e como saber se o seu provedor está fazendo isso na sua rede. Acompanhe!

Afinal, o que é traffic shaping?

O termo traffic shaping pode ser traduzido para o português para modelagem de tráfego. Como o próprio nome indica, ele é usado para modelar ou gerir o tráfego de uma rede de internet.

A prática é feita por meio da inclusão de restrições à velocidade de navegação e ao acesso de algumas atividades, como download ou upload de arquivos.

Em termos mais técnicos, os provedores restringem o acesso aos protocolos P2P ou Torrents, ao processo de transmissão de informações via FTP e qualquer prática que demande uma grande quantidade de dados da rede. Em alguns casos, acessos específicos podem até ser bloqueados pelo provedor.

As restrições variam conforme as decisões da empresa e podem acontecer de forma direta ou apenas em momentos específicos do dia. Por esse motivo, existem horários que sua rede é mais rápida e outros que funciona com oscilação.

Normalmente, as alterações são feitas por provedores que possuem uma rede com muitos usuários que demandam uma grande quantidade de dados. Como resultado, a conexão tende a ficar lenta ou inacessível para algumas atividades online.​

Por que alguns provedores realizam a prática?

O traffic shaping é feito com o propósito de evitar o congestionamento da rede, ou seja, para que o consumo de todos os usuários não seja maior que a disponibilidade do provedor. Quando isso acontece, é comum que a velocidade seja reduzida para todos, gerando insatisfação geral com a empresa.

Realizando a modelagem da rede, o provedor tem o objetivo de reduzir a frustração dos usuários como um todo.

No entanto, quem compra um pacote de dados com o objetivo de utilizar seu máximo potencial, acaba não conseguindo e pagando por algo que não recebe. Dessa forma, essa prática não favorece os clientes e sim apenas o provedor que consegue ofertar algo que não entrega. 

Esse mecanismo é legal no Brasil?

De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), órgão que regulamenta o setor, a prática de traffic shaping não é permitida no Brasil. Portanto, quando questionados, os provedores não assumem que realizam modelagem em seu tráfego.

De acordo com o Marco Civil da Internet (nº 12.965, de 2014), as operadoras de internet não podem fazer discriminações, restrições ou interferências no tráfego da rede, independentemente do emissor ou receptor, dos serviços utilizados, das aplicações realizados, equipamentos usados ou do conteúdo acessado ou distribuído. Dessa forma, a modelagem não é permitida.

Contudo, é necessário ressaltar que a prática de restringir ou bloquear atividades pode ser feita de forma legal em algumas circunstâncias. Entre elas, para dar cumprimento a aspectos legais, prevenir congestionamentos na rede, preservar a segurança e integridade da rede, de seus equipamentos ou dos serviços prestados.

Se identificada a modelagem, é necessário que a empresa apresente provas que comprovam alguma dessas exceções.

Como saber se sua internet está sendo afetada pelo traffic shaping?

Para saber se sua rede está sendo modelada e sua navegação afetada com a prática, é necessário realizar um teste de velocidade. Atualmente, existe uma plataforma criada com o propósito de identificar o traffic shaping que pode ser usada de forma gratuita: o Netmede

A ferramenta é disponibilizada pela Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM). Seu uso é bem simples e a plataforma ajuda o usuário a identificar indícios de traffic shaping por meio da comparação de dois fluxos de dados, acessando simultaneamente o Bit Torrent e o YouTube.

O teste é feito múltiplas vezes para aumentar sua segurança e é determinado o uso da prática quando a diferença de transferência é superior a 20% entre os acessos.

Após realizar o teste, deve-se avaliar a diferença entre a velocidade recebida e o contrato com o provedor de internet. Além disso, é indicado acompanhar essas variações dentro do período de um mês, para ter mais evidências da prática. Com essas informações, é possível questionar a empresa ou entrar com uma ação legal contra ela.

Em muitos casos, este documento permite que o consumidor troque de provedor sem custos de quebra de contrato. Por isso, é muito importante avaliar sua elaboração antes de firmar acordo com um provedor.

Quais fatores atrapalham a velocidade da navegação?

Por fim, é importante saber que outros fatores podem interferir na qualidade de sua navegação. Entre os mais comuns estão malwares e vírus, que podem estar nos dispositivos usados para navegar ou até mesmo em seu roteador.

Falando nesse equipamento, seu posicionamento também interfere na qualidade do sinal, bem como o tempo de uso do produto, itens mais antigos tendem a funcionar com menor eficiência.

Fica evidente que o traffic shaping não é uma prática feita para favorecer os usuários e, por esse motivo, o mais indicado é evitar empresas que adotam o método em sua rede.

Mesmo se você normalmente não usa uma quantidade alta de dados, o ideal é receber por aquilo que paga, não é mesmo? E nunca se sabe quando você vai precisar de todo o potencial da rede.

Por isso, antes de contratar um pacote de internet, busque mais informações sobre esse provedor. Como falamos, as empresas negam a prática, portanto, é necessário investigar na rede e tentar encontrar reclamações de usuários que identificaram a prática. 

Agora que você já sabe o que traffic shaping e como isso afeta sua rede, confira 6 dicas sobre como melhorar o sinal Wi-Fi na sua casa e não ter problemas com sua navegação!